Abelhas sem ferrão IV

IV.1. Localização

A localização dos ninhos dos meliponíneos varia de acordo com a espécie. Diversas espécies de Melipona, (uruçu, mandaçaia, jandaíra), Scaptotrigona (mandaguari, tiúba, tubi) e Plebeia (mirins, mosquitos), dentre outras, constroem seus ninhos em ocos encontrados em troncos e galhos de árvores vivas. Outras espécies, como Frieseomelitta (marmelada, moça-branca, mocinha-preta) e Friesella schrottkyi (mirim-preguiça) utilizam ocos existentes em árvores secas, mourões de cerca etc. para construir seus ninhos.

Geotrigona, diversas espécies de Paratrigona (jataí-da-terra), Schwarziana quadripunctata (mombuca) e M. quinquefasciata são algumas abelhas que constroem ninhos subterrâneos. Para isso, utilizam cavidades preexistentes, como formigueiros abandonados. Outras espécies de Partamona (abelha-cachorro) e Scaura latitarsis constroem seus ninhos dentro de cupinzeiros vivos. Trigona cilipes nidifica dentro de formigueiros vivos.

Várias espécies que, normalmente, utilizam ocos existentes em troncos e ramos, ocasionalmente, constroem seus ninhos em cavidades existentes em paredes de pedra e alicerces de construção, local onde é comum encontrar ninhos de Nannotrigona testaceicornis (iraí) e Tetragonisca angustula (jataí). Outras espécies podem nidificar em buracos existentes em muros, postes ou paredes de casas (Figura 4).

 

Slide1 edt

 

 

IV.2. Entrada dos ninhos

 

Os ninhos das abelhas sem ferrão apresentam uma entrada, que normalmente é característica para cada espécie ou gênero e, em muitos casos, é possível a identificação das abelhas a partir da entrada do seu ninho (Figura 5).

Muitas vezes, a entrada do ninho representa um simples tubo, construído de cerume, por onde as abelhas entram e saem e onde abelhas guardas ficam de prontidão. Em algumas espécies, este tubo se alarga formando ampla plataforma, na qual as abelhas guardas ficam.

Outras espécies utilizam resina para a construção da entrada de seus ninhos. As diversas espécies do gênero Partamona, por sua vez, constroem com barro a ampla entrada característica de seus ninhos. As abelhas do gênero Melipona também utilizam barro, normalmente misturado com resina, para construir a entrada estriada de suas colônias.

Em determinadas espécies a entrada é ampla, permitindo a entrada/saída de muitos indivíduos ao mesmo tempo; em outras é estreita, por onde uma única abelha passa por vez e é guardada por uma só abelha, que a fecha com a cabeça.

Nas espécies do gênero Melipona, após a entrada, segue-se um túnel construído com cerume, resina ou geoprópolis (mistura de barro e resina), que vai até a região onde é armazenado o alimento. Em Partamona, à entrada segue-se um vestíbulo, que em algumas espécies imita um ninho abandonado, ao qual se segue uma entrada estreita, que dá acesso à área interna do ninho. Esta estrutura está, aparentemente, relacionada com a proteção do ninho contra invasores.

 

Slide2

 

IV.3. A estrutura interna dos ninhos

 

De maneira geral, o ninho dos meliponíneos é construído com uma mistura de cera, própolis e barro denominada cerume e consiste basicamente de favos de cria e de potes para armazenamento de pólen e mel.

 

Favos de cria

Os favos de cria são construídos pelas operárias, utilizando cera e/ou resinas e podem estar arrumados em camadas horizontais sobrepostas, espiraladas ou em cachos (Figura 6). Em grande parte das espécies os favos de cria são envolvidos por um invólucro, constituído por lâminas de cerume dispostas de tal forma que os protege, inclusive contra a perda de calor.

Nas espécies que constroem favos horizontais, as paredes das diferentes células de cria fazem contato uma com a outra, formando um favo contínuo. As células do centro desses favos são as primeiras a serem construídas, sendo as demais fabricadas à sua volta. Dessa forma, usualmente, a cria da região central do favo é mais velha. Os vários favos horizontais são mantidos afastados por uma série de pilares, que dão firmeza e estrutura aos ninhos dos meliponíneos.

F. schrottkyi e algumas outras espécies de abelhas sem ferrão possuem favos irregulares.

Quando as células de cria estão arranjadas em forma de cachos, como acontece com espécies de Frieseomelitta, Leurotrigona e algumas espécies de Plebeia, elas não têm parede em comum.

Espécies que constroem favos irregulares ou em cacho podem utilizar cavidades irregulares, muitas vezes bastante estreitas.

 

Slide3

 

Potes de Alimento

Dentro dos ninhos, os alimentos utilizados pelas abelhas (pólen e néctar) são guardados em potes redondos ou ovais, feitos de cerume (Figura 7). Pólen e néctar, geralmente, são armazenados em potes separados, mas há espécies que misturam os dois em um mesmo pote. Em alguns Trigonini os potes onde é armazenado o pólen, possuem forma diferente daqueles utilizados para guardar o néctar. Em Frieseomelitta varia, por exemplo, os potes de pólen são cilíndricos e bem maiores que os de néctar, que são esféricos. A posição dos potes no ninho também varia conforme a espécie, mas de modo geral estão colocados na periferia da área de cria.

O pólen é coletado nas anteras das flores e é armazenado na corbícula existente na pata posterior da abelha. As abelhas sem ferrão também apresentam cerdas plumulosas que auxiliam na coleta e transporte, principalmente pólen, nos machos dos meliponíneos . O néctar, por sua vez, é sugado e armazenado no papo da abelha, até ela chegar ao ninho. O néctar é colocado em potes e é desidratado por ventilação, até atingir a concentração ideal de açúcar, que é, nas abelhas sem ferrão, de aproximadamente 70%, para as abelhas sem ferrão.

 

Slide4 edt

Postado em 15/07/2015